A organização do VIII Seminário Nacional Diálogos com Paulo Freire publicou nesta quarta-feira, 10 de dezembro, a carta elaborada ao final do evento. Depois de dois dias refletindo sobre a educação nas perspectivas inclusiva, transformadora e atenta às diferentes realidades (5 e 6 de dezembro de 2014), foi elaborado um documento que reforça o comprometimento com a temática da pedagogia dos direitos humanos e a luta pela democratização da sociedade. A proposta é difundi-lo em diferentes espaços, especialmente entre estudantes.
A minuta do documento foi lida pelo coordenador-geral do evento, Vinícius Lima Lousada, no encerramento do seminário, que teve também a participação da reitora do IFRS, Cláudia Schiedeck Soares de Souza. Ela destacou o orgulho por o Instituto ter recebido o VIII Seminário, em seu Câmpus Bento Gonçalves. "É importante sairmos de espaços de discussão como este e ver como podemos mudar as práticas em nossas instituições. Se não acreditarmos em poder fazer a diferença a partir dessas pequenas práticas, não chegaremos a lugar nenhum", salientou.
Em rodas de conversas, foram 211 trabalhos apresentados, permitindo que a exposição de ideias e a interação entre os autores dos trabalhos. Estiveram reunidos mais de 350 professores e estudantes de graduação e pós-graduação, bem como militantes dos direitos humanos, para refletir sobre a contribuição do pensamento do patrono da educação brasileira na constituição "de uma, ou várias, pedagogia(s) dos direitos humanos", tema central do evento. A coordenação geral do seminário foi da Pró-reitoria de Ensino do IFRS. A próxima edição, em 2015, será realizada no município de Igrejinha.
Destaques da programação
O VIII Seminário Nacional Diálogos com Paulo Freire contou com a palestra "Da Pedagogia do Oprimido rumo a uma Pedagogia dos Direitos Humanos", ministrada pela doutora em educação e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Jaqueline Moll, no dia 5 de dezembro. Jaqueline defendeu a escola como um centro de debates, de ideias, de reflexões e uma educação que faça sentido e dialogue com a realidade dos alunos.
Outra atividade da programação foi o "Diálogo Educação em Direitos Humanos, Justiça Ambiental e Cultura de Paz", coordenado por Thiago Ingrassia, da Universidade Federal da Fronteira Sul, no dia 6 de dezembro. Confira frases dos participantes desta atividade:
"O consumir nos faz cada vez mais ter relações desumanizadoras", disse Giancarla Brunetto, da Liga de Direitos Humanos da Ufrgs, que destacou a importância da humanização nas relações e o diálogo e a educação como libertadores.
"A educação em direitos humanos tem que ser 'atravessal', atravessar tudo, não é conteúdo, é posição, integralidade", salientou Paulo César Cabornari, da Comissão de Direitos Humanos - Passo Fundo.
"Precisamos aprender a conviver com as diferenças e sermos radicais contra a desigualdade", enfatizou Carlos Machado, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e do Observatório de Conflitos Socioambientais e Urbanos do Extremo Sul.
Délcio Cruz Júnior, da Central Judicial de Pacificação Restaurativa de Caxias do Sul e da Secretaria Municipal de Educação, apresentou os círculos de diálogos realizados em uma escola de Caxias do Sul para a construção de valores e diretrizes entre os alunos, tendo os professores como facilitadores e todos sendo empoderados pela palavra. Falou também que a Justiça Restaurativa busca saber quem sofreu danos, quais são suas necessidades e de quem é o dever de suprir essas necessidades. "Entre os principais valores da Justiça Restaurativa estão a participação, o respeito, a honestidade, a humildade, a responsabilidade e a esperança."
Apresentações culturais
Entre as atrações culturais do seminário, destaque para o coral infantil do Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente do Sest/Senat e a apresentação musical do acadêmico do Câmpus Bento Gonçalves Jones Cenci, na abertura do seminário. A banda Feeling Compas, formada por haitianos e senegaleses ligados à Associação dos Imigrantes Contemporâneos, encerrou o evento colocando os participantes para dançar.
Saiba mais sobre:
Educação em Direitos Humanos (EDH) - é a que educa para a tolerância, a valorização da dignidade e da ética universal do ser humano. Está voltada para a mudança e a participação cidadã, busca incentivar valores, para atingir mentes e corações, não sendo meramente transmissora de conhecimentos.
Paulo Freire (1921 - 1997) - é patrono da educação brasileira. Foi educador, pedagogista e filósofo e defendeu que cada educando criasse o caminho de sua educação, dialogando com a sua realidade. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política.
Nilton Bueno Fischer (1947 - 2009) - o educador natural de Dom Pedrito (RS) foi o homenageando desta edição do evento. Professor do Programa de Pós-graduação em Educação da Ufrgs, atuou fortemente na educação popular, desenvolvendo ações principalmente com recicladores da periferia urbana de Porto Alegre.
E-mail: gabinete@ifrs.edu.br | Dúvidas de Acessibilidade: acoes.inclusivas@ifrs.edu.br | Ouvidoria | Telefone: (54) 3449-3300